O ano em que me separei foi o mesmo que minha irmã Solange descobria que sua filha Amanda estava com leucemia.
Amanda era uma criança linda, daquelas que mais parecem uma boneca de porcelana, com os olhos verdes e o narizinho arribitado de minha irmã.
Quando fui visitá-las no hospital, estava abalado pela separação, triste pelo afastamento dos meus filhos, imposto por minha ex-esposa, mas pretendia levar conforto, pois o meu problema era pequeno diante daquela situação.
Mas o que passei, foi no mínimo constrangedor, quem recebeu o apoio, carinho e força fui eu.
A Leucemia foi controlada com o tempo, mas Amanda estava em observação por cinco anos. Neste período, meu cunhado morreu eletrocutado ao fazer a mudança de um amigo, e em pouco tempo o cancer voltava com toda a força.
Como se não bastasse tamanho sofrimento, em situações que mais parecem coisas de novela mexicana, mais uma fatalidade, numa das muitas internações que Amanda passou, uma medicação administrada erradamente causava uma paralisia cerebral irreversível e deixa-a no auge de sua meninice completamente silenciada, sem movimentos...
Poderia contar tantos outros problemas que ela enfrentou e continua a enfrentar. Mas não vou fazer isto, porque a estória da minha irmã é dura, mas não é triste.
Eu não sei o que você passou para reclamar tanto da vida, talvez como eu tenha tido o seu filho alienado, mantido distante de você, tenha sido acusado de pedofilia, tenha tido um filho que usou crack, ou quem sabe, está com cancer ou mesmo tem algum ente querido com uma doença grave, até mesmo o seu próprio filho.
O que sei é que todas as vezes que penso nos meus problemas, não que eles não sejam grandes, penso na minha irmã, na sua garra, na sua força, na sua fé, na sua perserverança e principalmente na sua alegria de viver, uma alegria quase infantil, despojada, desinibida, sincera, como de uma criança.
Solange ganhou de presente a amada de Deus, Amanda. Com ela uma cruz enorme, pesada, mas que ela joga por cima do ombro, canta, dança e ri, como quem vai ao parque. Não pense você que ela não se entristece, mas é por pouco tempo, as lagrimas são para lustrarem a cruz e fazê-la brilhar mais ainda e tornar o seu sorriso mais lindo.
Solange é uma mulher de fé, não abaixa a cabeça e continua fazendo aquilo que ela mais gosta, cantar, dançar e rir. Tem um vigor físico invejável, carrega aquela criança, hoje com quinze anos, no colo como se fosse uma atleta, olha que nem eu consigo pegar minha sobrinho colo.
Como dizem, a vida nos dá o limão, mas no cabe fazer a limonada.
Termino, deixando lado a lado, a foto da Amanda e apresento a vocês, Solange (bermuda jeans e camisa branca) dançando e pergunto: O que você faria se sua filha tivesse cancer?
obrigada pela as palavras tão carinhosa, DEUS capacita a gente para tanto. ri até do video.
ResponderExcluirbeijos da irmã que te ama.
Solange