Fui por um longo tempo o pai do McDonald's, como só via os meus filhos nos finais de semana, não tinha muito tempo com eles, eu tinha que aproveitar ao máximo.
Dois dias a cada quinze dias! Educar, passou a ficar em segundo plano, era preciso um tremendo jogo de cintura para falar sobre escola, comportamento, obrigações, responsabilidades sem criar conflitos e estragar o final-de-semana.
Sempre que possível criei programações diferentes: cinemas, passeios no parque, passeios no clube, jogos na lan-house ou no computador em casa, etc. Mas nem sempre isto era possível, a falta de um carro limitava muito, isto sem falar no dinheiro curto. Haja imaginação até nesta hora. Este momento tinha que ser impecável e permitir uma interação completa.
Uma artimanha que desenvolvi foi utilizar os jogos para passar as mensagens necessárias, de forma sutil, mesmo aqueles temidos jogos violentos de guerra e luta. Mas o meu preferido eram os filmes, as animações como o "Irmão Urso", "Espirit", "Robos", etc, com excelentes conteúdos, tratando de amizade, responsabilidade, perserverança, fé e até empreendendorismo eram ferramentas excelentes.
O hábito de conversar, de explicar e apresentar exemplos sempre habitual e sempre preferi as coisas de maneira bem lúdiga. De certa forma estava em vantagem porque nunca gostei da educação pelo medo, sempre preferi a educação pelo exemplo. Sempre detestei a frase: - Faça o que eu falo, mas não faço o que faço. Sem falar na famigerada: "Faço o que eu estou lhe madando se não quizer apanhar".
Não que eu não tenha perdido a cabeça algumas vezes e ofertado alguns castigos bem duros ou mesmo dado umas palmadas, confeço, algumas vezes exagerei, nada de absurdo e violento, mas sempre foi algo que muito me incomodou.
Costumo dizer que para eu jogar mais duro e chutar o pau da barraca, somente duas coisas: uma falta de respeito muito grande ou quando a criança se coloca em risco. Fazer arte ou aprontar não estão nestes critérios, nenhum dos meus filhos aprontou mais ou foi mais arteiro do que eu quando criança. Certa vez estava ligando o meu irmão ao fio elétrico para ver se a lâmpada em sua boca acenderia, só para citar uma exemplo.
Um momento sempre muito delicado é não falar mal da mãe ou do pai, por mais que você esteja magoado ou chateado, mesmo quando você ouve algumas coisas absurdas de seus filhos. Lembro-me de duas passagens com o Lucas.
- Pai, porque você quer saber como a minha mãe está, ela diz que quer ver o senhor se f...!" Fiz a a seguinte pergunta para ele: - Para você ser feliz, sua mãe não tem de estar bem? Então eu preciso ajudá-la no que for preciso.
- Pai, se a minha mãe era tão boa porque vocês se separaram? Simples, meu filho, o amor acabou e os conflitos começaram, mas isto não significa que eu ou ela somos ruins, simplesmente era menos pior solução separar.
Ser pai/mãe apenas nos finais-de-semana torna a vida muito complicada, porque a convivência é muito curta, quase diminuta para quem não detem a guarda e a responsabilidade é muito intensa e cansativa para quem tem a guarda. Por isto, sempre acreditei que a guarda compartilhada é a melhor solução. Onera menos os dois, permite uma maior convivência de ambos com os filhos. Os pais não se entendem? Então sejam encaminhados para tratamento psicológico e resolvam esta questão doentia, porque não são capazes de se entenderem pelos próprios filhos, então estão doentes.
O verdadeiro segredo para os pais e mães do McDonald's é agir com um profundo amor, não só por seus filhos, mas por seu ex. Pois é, Cristo sabia das coisas, amar ao próximo como a ti mesmo, mas que valor tem amar quem te ama? O negócio é amar o seu inimigo, não é mesmo!?