Ontem ao levar a Rafaela Vitória para andar de bicicleta e brincar no recém reinaugurado parquinho da quadra 8, consegui perceber o porque tenho sentido tanta desmotivação para sair para brincar com meus filhos.
Depois da falsa acusação de pedofilia passei a me sentir constrangido e temeroso em estar no meio de outras crianças e dos meus próprios filhos.
Desde o ocorrido não consigo mais dar banho na Rafaela Vitória e muito menos auxiliar os outros filhos na higiene pessoal, no caso da Rafa eu raramente entro no banheiro, passando para a Suzana, a Gabriela, a Bruna ou a Josi esta tarefa. Não por medo, mas simplesmente por vergonha e constrangimento, porque sempre vem a mente o que ouvi e passei na delegacia.
Uma coisa simples, que era vestir a roupa da Rafa é tarefa dolorosa e contrangedora. Hoje, ela já consegue se vestir sózinha e eu procuro orientá-la apenas no tipo de roupa, porque nesta idade as meninas costumam ser bem "peruas", mas vesti-la, só se não tiver outro jeito.
Na praia por exemplo, ela precisou ir ao banheiro fazer o número 2, e fui eu que tive que levá-la. Obviamente fui ao banheiro das mulheres, mantive a porta principal aberta e a deixei no vaso sanitário com a porta entre-aberta e eu de costas. Ela me chamou porque ela se constrage em fazer o número 2 na rua e eu canto a musiquinha que cantava para o Lucas, que sempre funcionou: - Cocozinho, cocozão, sai logo deste bundão. Ela ri, o Lucas ria, descontrai e consegue fazer.
Minha mãe achava legal o fato de eu não me constranger com ela por estar nu e eu costumava dizer que ela era a minha mãe e me viu pelado desde pequeno, então não tinha porque eu sentir vergonha dela, afinal de contas, ela me alimentou nos seios, trocou a minha fralda.
Com os meus filhos, porque são meninos, também não tinha este constrangimento, mas depois do ocorrido, não consigo mais fazê-lo.Tenho vergonha deles e percebo que eles se sentem desconcertados, apesar de nada ter ocorrido, sei que eles também ficaram marcados pela situação e os alertas da mãe sobre o perigo que eles correm está presente. Sempre me lembro que uma criança que passa por uma situação destas vivencia algo semelhante a uma criança abusada realmente.
Com a Rafaela, por ser menina, sempre evitei trocar de roupa na presença dela, afinal de constas ela é uma mocinha.
Mas dai eu me sentir desconcertado em estar em um parquinho ou mesmo brincar com os meus filhos, hábito que sempre tive, chegou a raias da loucura.
A tristeza que senti ontem foi enorme, percebi finalmente o que tem me afastado da Rafaela Vitória em uma coisa que sempre fiz, brincar. Já a muto tempo, que não pego e brinco com crianças na rua. Sempre mechia com crianças na rua e a minha ex-esposa sabia do quanto gosto de criança, e muheres grávidas, que na minha opinião é o estado mais sublime de uma mulher. Talvez por isto tenha usado uma acusação tão leviana para me ofender.
Suzana reclama comigo porque eu me permito ser atingido pelo que ela falou e fala, mas como não ser? Todo mundo diz que não se deve incomodar com aquilo que dizem da gente que não é verdade, mas não é tão simples. Ela ter dito que eu era homossexual e tantas outras coisas me ofenderam, mas não me incomodaram tanto, porque envolveu o sentimento de amor e afeto que tenho com os meus filhos e uma coisa que sempre considerei sagrado: filhos.
De todas as atrocidades que o ser humano comete, fora a guerra, a pior delas é o abuso sexual contra uma criança, em seguida o estupro e por ultimo o sequestro. A agressão fisica que o homem comete contra uma criança ou contra uma mulher é algo horrivel, mas as marcas serão apagadas com o tempo
A morte é uma perda irreparável, uma dor para quem perde um ente querido, mas é o fim, e como cristão a dor fica para nós que ainda estamos aqui, mas para quem partiu não, a dor se encerra. O sequestro mantém acesa a esperança do reencontro.
O abuso sexual, ele marca a pessoa para sempre, rouba algo muito maior que a vida, rouba a dignidade e a honra.
Ao ser acusado falsamente tive a minha dignidade e honra sequestradas, percebi isto no parquinho ontem e para mim, foi pior do que a morte.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe seu comentário, ele sempre será bem vindo.